domingo, 26 de junho de 2011

Deslealdade, desrespeito, fazendo com que, a estória fosse outra para mim.


100 metros da tensão das alfinetadas e principalmente da deslealdade!!


 Durante muito tempo as pessoas me perguntavam qual o sentimento que eu tinha da prova dos 100 metros rasos em Seul na Coreia e sempre disse que se não fossem os dopados teria sido medalhista em duas provas nos jogos e minha vida teria tido outro rumo, com contratos melhores e uma vida espotiva e pessoal muito mais tranquila.

Nesta semifinal eu tive a certeza de que a batalha era contra atletas drogados, mas porque apenas um tinha que ser pego?? A resposta é simples numa olimpiada com norte Americanos fazendo marcas astronômicas como foi o caso de Flo Jo e do lendário Carl Lewis, era preciso que alguem pagasse a conta e acobertasse outros casos que seria revelados.
Infelizmente depois desta prova muita coisa mudou, para todos Ben Johnson admite em seu livro que usou drogas para melhorar a performance e disparou contra Carl Lewis que assumiu ter utilizado hormonio do crescimento, alias o time do Santa Monica Track Club era o quintal predileto dos laboratórios, pois eram nos atletas mais novos que as substancias era administradas e depois de saberem que tipo de efeitos colaterais e como utilizar sem causar danos maiores aos atletas é que Lewis era colocado a prova, e com a utilização do aparelho, para evitar a deformação da mandíbula é que ficou claro que todos do time comandados por Jou Douglas era usuários dos hormonios do crescimento.

A final mais tensa que já participei na vida foi a de Seul na Coreia, pois era o fim do boicote que começara em 1980, pelos americanos em Moscou e que passou pelos EUA, em 1984, e foi nessa que muitos atletas já estavam usando dopping.  E na foto pelo menos 3 estavam sob o efeito de drogas que aumentavam a força; melhorando a performance uma enormidade.
Me lembro de quando entramos na sala de chamada para a pista, que os ânimos estavam exaltados e que algo grande iria acontecer, e como eu estava mais preocupado com os 200 metros procurei observar cada finalista inclusive eu mesmo, numa espécie de auto-analise.

O primeiro que observei foi Lewis, que não parava de caminhar de um lado para o outro, e não fintava ninguém, afinal ele disse que desconfiava que tinham atletas dopados na final, só esqueceu de se incluir na lista.

O segundo foi Ben, que por incrível que pareça estava muito tranquilo, porem seus olhos estavam distantes daquela sala, como se pudesse prever o que faria, estava num grau de concentração tão grande que o estágio era quase de hipnose.

O outro foi Calvin Smith, que era o recordista da prova ate o ano anterior quando Ben quebrou o recorde em Roma no mundial correndo 9.83 seg, deixando os 9.93 de Calvin longe, e o americano estava com ar mais sóbrio.

Linford Cristie foi de todos o que mais sorria e deixava a tensão menos pesada, pois era franco atirador e nada tinha a perder, e como também estava no programa de teinamento junto com Ben johnson, Marc Mackoy dos 110 metros sobre barreiras, eu concluo que Charles Francis já tinha ministrado drogas ao Inglês.

Denis Mitchel Esse ainda era novo, mas o programa para uso de propriedades ilícitas se mostrou muito eficaz, tanto que ele foi pego muitos anos depois, mas estava uma pilha e emitia um som, com se estivesse colocando todo o ar para fora dos pulmões.

Desay Williams era do time de Ben e na foto era notório, que ele se beneficiara dos steroids, e se mostrava preocupado com algo, que não podia controlar e estava muito pensativo e por mais companheiro de Ben que fosse não trocou nenhuma palavra com ele até o momento de cumprimento-lo na linha de chegada.

Raymond Stewart era um dos que estavam correndo por fora, numa briga desleal entre dopados contra limpos, e a preocupação dele era manter o aquecimento, mas a tensão nele foi minando ele, tanto que se lesionou na prova, fazendo com que e perdesse contado com a prova.

E eu estava ali quase que um espectador da história de uma das provas mais emocionantes de todos os tempos, e num lugar que todos os profissionais de comunicação queriam estar. Eu perguntei ao Carlos Alberto Cavalheiro, meu técnico na época o que era tudo aquilo, e que estávamos na final e ele por sua vez apenas me pediu para correr tudo, mas não teve coragem de ver a prova de tanto nervosismo.


E o que tornou esta prova inesquecivel foram as trocas de gentilezas ao longo de três anos de disputas, onde ben vinha vencendo Carl e culminou com duas declarações polêmicas.

 A primeira partiu de Carl Lewis, pois quando perguntado ao final da prova em Zurich no retorno de Ben Johnson as pistas depois de passar por um período em Camberra na Austrália e curar uma lesão, que foi a seguinte: "Eu sou o mais rápido e sempre serei, e não vou perder o ouro para nenhum drogado".











A segunda foi a de Charles Francis técnico de Johnson, que já faleceu, quando disse já em solo Coreano; "Ben não vai perder para nenhum homossexual", o que causou um tremendo mal estar durante as eliminatórias. Então as faíscas e fagulhas de ódio um pelo outro foram tomando uma proporção gigantesca e eu me vi no meio disso tudo, participando de provas em que os dois quase se estapeavam.




Tom Telez que era técnico de Lewis o advertiu sobre suas declarações, e a resposta do técnico de Ben caiu como uma bomba sobre o super astro da velocidade Carlton Lewis e o mundo viu um duelo vencido por um atleta que admitiu o dopping, e outros que ao longo do tempo foram desmascarados e a verdade apareceu.

Então cabe a pergunta, cade a minha medalha??

    Eu sei de uma coisa essa estória do ben Johnson dizer que todos os atletas de velocidade usavam drogas ainda vai dar o que falar, pois é uma mentira e claro que assim como ele muita gente diz a mesma coisa, só que treinando no Brasil como eu sempre fiquei e tendo a vida disciplinada consegui chegar e competir contra eles e ate ganhar e digo isso com orgulho danado.

 Eu só fico triste de não ter trazido para o Brasil mais uma medalha, por conta do duelo injusto que tive que ter contra atletas drogados, e pior pelos contratos que deixei de fazer por conta dessa trapaça toda fora e dentro das pistas. Se sou o maior velocista que o Brasil já teve não sei, mas que fui o que mais treinou para fazer frente a esses absurdos isso eu fui!!!

                Um abraço do medalhista Olímpico Robson Caetano.

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